Peixes estão a confundir o plástico nos oceanos com comida, diz estudo

Peixes estão a confundir o plástico nos oceanos com comida, diz estudo

17 de Agosto, 2017 0

Os peixes podem não estar a ingerir os resíduos de plástico presentes nos oceanos apenas por engano, mas a procurá-los ativamente como alimento, uma vez que, no mar, estes adquirem um cheiro semelhante ao das suas presas naturais, sugeriu um novo estudo.

Os cientistas colocaram à disposição de cardumes de anchovas capturados no seu meio natural detritos de plástico retirados dos oceanos e peças limpas deste material que nunca tinham estado no mar. Notaram que as anchovas reagiram ao odor dos detritos retirados do oceano da mesma forma que reagem aos odores dos seus alimentos.

“O plástico pode ser mais enganador para os peixes do que se pensava”, contou o autor do estudo, Matthew Savoca, ao the Guardian. “Se o plástico cheira e se parece com comida, é mais difícil para os animais como os peixes reconhecerem que não se trata de alimento.”

“Quando o plástico flutua no mar, a sua superfície é colonizada por algas em apenas alguns dias ou semanas, um processo conhecido como bioincrustação. Estudos anteriores mostraram que estas algas produzem e emitem DMS, um composto à base de algas que determinados animais marinhos utilizam para procurar comida”, explicou o investigador.

Em 2016, um estudo realizado pelo mesmo autor revelou que as aves marinhas são atraídas para os detritos de plástico no mar por causa do seu cheiro, o que afeta especialmente os albatrozes, os petréis e as pardelas, que utilizam o seu apurado sentido de olfato para procurar comida.

O plástico ingerido pelos animais marinhos entra na cadeia alimentar humana. Cientistas da Universidade de Ghent avisaram que os consumidores de peixe e marisco poderão consumir até 11 mil fragmentos de plástico por ano. Os efeitos da ingestão destas substâncias na saúde humana ainda não são conhecidos, mas os cientistas revelaram que dezenas dos microplásticos ingeridos são absorvidos para a corrente sanguínea e vão-se acumulando no corpo, ao longo do tempo.

Todos os anos, pelo menos oito milhões de toneladas de plástico são despejadas no oceano. Já foram descobertos resíduos plásticos, como sacos de compras e tampas de garrafas, nos intestinos de baleias e de aves marinhas, o que, muitas vezes, tem consequências fatais para estes animais.

Os pedaços mais pequenos – que resultam da degradação dos resíduos maiores, que se soltam das nossas roupas de tecidos sintéticos ou que são microplásticos primários – já foram descobertos nos aparelhos digestivos de moluscos, peixes juvenis e até de organismos marinhos tão pequenos como o plâncton.

Se não conseguirmos reverter esta tendência, até 2050, poderá haver mais plástico do que peixes no mar (por peso).

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