Facilitar acesso a cuidados médicos reduziu o abate ilegal de árvores no Bornéu

Facilitar acesso a cuidados médicos reduziu o abate ilegal de árvores no Bornéu

1 de Julho, 2019 0

A ilha de Bornéu, no Sudeste asiático, perdeu cerca de um terço da sua cobertura florestal desde os anos 70, devido à expansão da agricultura, aos incêndios e ao abate ilegal de árvores.

Com o desaparecimento da floresta também desaparecem espécies nativas ameaçadas, como é o caso do orangotango-do-bornéu, cuja população perdeu 150 mil indivíduos num período de 16 anos.

Ao contrário do que muitos pensam, deitar abaixo árvores não é uma decisão tomada de ânimo leve para os habitantes locais. Muitas vezes é a única forma de pagar um tratamento ou uma urgência médica.

Kinari Webb, fundadora da organização sem fins lucrativos Health in Harmony e do programa Alam Sehat Lestari (ASRI), explica que vários residentes sentem que não têm outra alternativa.

“Conheço um homem que deitou abaixo 60 árvores para pagar uma cesariana. Uma urgência médica pode custar-lhes os rendimentos de um ano inteiro. Fundamentalmente, a única forma de conseguirem isso é deitando abaixo a floresta tropical”, contou a médica ao site Yale Climate Connections.

Para ajudar as pessoas a pagar as contas médicas sem terem de recorrer ao abate de árvores, o seu grupo criou um hospital perto do Parque Nacional Gunung Palung.

A diferença é que, nesta clínica, os pacientes podem pagar com artesanato, mudas de árvores ou até com horas de trabalho em vez de dinheiro. Para além disso, as aldeias que não participem na destruição das florestas têm direito a descontos de até 70% nos serviços de cuidados de saúde.


Imagem: Health in Harmony

De acordo com Kinari, este modelo funciona. O seu grupo examinou mais de mil agregados familiares e descobriu que o número que participava no abate de árvores tinha caído mais de dois terços em apenas cinco anos.

E é por isso que a médica defende que o combate à desflorestação começa com o simples ato de ouvir as populações locais. “Precisamos de lhes perguntar de que é que precisam e depois canalizar esses recursos para elas”, disse.
1ª foto: Chelsea Call/Health in Harmony

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