Após 200 anos, Dinamarca volta a ter uma alcateia de lobos selvagens

Após 200 anos, Dinamarca volta a ter uma alcateia de lobos selvagens

26 de Maio, 2017 0

Lobo europeu

Pela primeira vez em 200 anos, há uma alcateia de lobos a vaguear pela Dinamarca. Depois do último lobo ter sido morto, no país, em 1813, só há alguns anos se voltaram a observar lobos machos no território. A recente chegada de uma fêmea marca um momento auspicioso para a população destes animais. A loba, originária da Alemanha, viajou 500 km até ao país.

“Cremos que terão crias neste ou no próximo ano”, disse Peter Sunde, investigador da Universidade de Aarhus. “As pessoas ficaram muito espantadas quando os lobos [voltaram a] aparecer na Dinamarca, mas eles percorrem grandes distâncias e conseguem-se adaptar às nossas paisagens culturais tão bem como as raposas.”

Após séculos de perseguição, há alcateias a voltarem a estabelecer-se em diversos países europeus, como a Alemanha e a França, sendo que também já foram observados lobos na Holanda e no Luxemburgo.

A viagem da fêmea não é tão surpreendente se se tiver em consideração que os lobos podem percorrer 50 km num dia e que já foram registados casos de lobos da Alemanha a percorrer 1000 km pela Europa.

Segundo o The Guardian, a população de lobos da Alemanha cresce 25-30% por ano e daí se dispersa ao longo da Europa central.

Atualmente, há mais de 12 mil lobos na Europa continental, excluindo a Rússia, a Ucrânia e a Bielorrússia. Têm sido documentados lobos a viver em zonas suburbanas com uma densidade populacional de até 3050 habitantes por km2.

Desde que não os incomodemos, eles adaptar-se-ão bem a estas paisagens dominadas por seres humanos, declarou Guillaume Chapron, investigador da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas. “Na Dinamarca não há razão para que os lobos não possam prosperar. Mas a pergunta tem de ser feita: será que as pessoas vão aceitar os lobos?”

Os lobos que voltaram ao país instalaram-se numa zona rica em presas, como corços e veados-vermelhos, mas já houve vários relatos de mortes de ovelhas durante o Inverno. Para evitar conflitos, o governo dinamarquês estabeleceu um plano de gestão de lobos, com indemnizações para os agricultores e apoios para a construção de cercas “à prova” de lobos para proteger o gado.

“Tecnicamente, podemos gerir a população de lobos com relativa facilidade, mas o desafio é a psicologia dos seres humanos”, defende Peter Sunde. “Há tantas impressões e opiniões sobre os lobos na Dinamarca como noutros lugares. A discussão à volta dos lobos está mais assente em valores do que em problemas concretos.”

Segundo o investigador, as novas populações de lobos são frequentemente melhor recebidas nos países do sul da Europa do que nos do norte do continente, entre os quais a Finlândia e a Noruega, onde, todos os anos, é abatido um número pré-determinado de lobos, com o fim de controlar a sua população.

Relativamente ao número de lobos com os quais os dinamarqueses conseguiriam coabitar, o investigador afirma:

“Deixem os lobos decidir e as pessoas decidir também, porque estamos a partilhar a paisagem. São notícias muito positivas para a conservação da natureza. Mostram que as atitudes mudaram e que, quando se deixa a natureza tomar conta de si própria, ela regressa. Esqueçam a Capuchino Vermelho – não foi um mito que regressou, é só uma parte natural da fauna europeia.”

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