China encerra milhares de fábricas para combater poluição e voltar a ver céus azuis

China encerra milhares de fábricas para combater poluição e voltar a ver céus azuis

9 de Novembro, 2017 0

Num gesto sem precedentes para combater a poluição e melhorar a qualidade do ar, o governo chinês está a encerrar temporariamente dezenas de milhares de fábricas por todo o país.

Milhares de reguladores do Ministério do Ambiente espalharam-se pelo país para verificar a conformidade das fábricas com os novos e rigorosos padrões de emissões poluentes. Até determinarem se cada instalação industrial está a cumprir a lei, os inspetores suspendem a eletricidade e o gás.

“É um grande evento”, disse Michael Crotty, presidente da MKT & Associates, uma empresa que exporta têxteis da China. “Acho que muitos de nós, cá, acreditamos que se tornará a nova norma. Os consumidores da China não querem rios vermelhos e azuis. Não querem ver céus cinzentos todos os dias.”

“Basicamente, estamos a ver estes inspetores entrar nas fábricas para inspeções surpresa”, explica Gary Huang, fundador da 80/20 Sourcing, ao NPR. “Estão a instituir coimas diárias e, às vezes, nos casos mais graves, há repressão penal. Há pessoas a serem enviadas para a prisão.”

As estimativas de Archie Liu, diretor-geral da MKT & Associates, apontam para que 40% das fábricas do país tenham sido encerradas, pelo menos temporariamente, na última vaga de inspeções. Os inspetores do Ministério do Ambiente repreenderam, multaram ou acusaram os responsáveis de mais de 80 mil fábricas de infrações penais ao longo do ano passado.

No leste do país, houve regiões industriais inteiras a suspender a produção, levando algumas empresas a transferir as cadeias de fornecimento para países como a Índia e o Bangladesh.


Foto: Nicolò Lazzati

A China anunciou recentemente o seu plano para reduzir a concentração de partículas perigosas de 47 microgramas por metro cúbico para 35 microgramas até 2035. As recentes inspeções parecem surgir, pelo menos parcialmente, em resposta ao novo plano.

Peter Corne, advogado ambiental, que vive há mais de duas décadas na China, celebrou com júbilo estas notícias. Para mim, é melhor do que um aumento de 100% no salário, disse. Só sonhava com isto. Nunca pensei que se tornasse real.”

Segundo o advogado, o mais prometedor são as novas taxas que estão a ser impostas quando as fábricas, cujas emissões são agora monitorizadas em tempo real, violam os padrões de emissões poluentes.

“A implementação será totalmente diferente”, disse. “Não vai continuar a ser o gabinete do ambiente a cargo da implementação. Eles só vão monitorizar. A autoridade tributária será responsável pela implementação.” Isto, para o advogado, faz toda a diferença.

Peter Crone, como muitos outros, acredita que estas medidas também servirão para impulsionar as empresas que se especializam em tecnologias limpas.

“Afinal de contas, as fábricas serão melhores, mais sustentáveis e terão um comportamento socialmente mais responsável, depois de serem inspecionadas”, defendeu Archie Liu.

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