27 de Março, 2020

Para além da curva da estrada – Poema de Alberto Caeiro

Para além da curva da estrada Talvez haja um poço, e talvez um castelo, E talvez apenas a continuação da estrada. Não sei nem pergunto. Enquanto vou na estrada antes da curva Só olho para a estrada antes da curva, Porque não posso ver senão a estrada antes da curva. De nada me serviria estar […]

24 de Setembro, 2012

“A Poezia do Outomno” – António Nobre

Noitinha. O sol, qual brigue em chammas, morre Nos longes d’agoa… Ó tardes de novena! Tardes de sonho em que a poezia escorre E os bardos, a sonhar, molham a penna! Ao longe, os rios de agoas prateadas Por entre os verdes cannaviaes, esguios, São como estradas liquidas, e as estradas Ao luar, parecem verdadeiros […]

6 de Agosto, 2012

“O Meu Olhar É Nítido Como Um Girassol” – Poema de Alberto Caeiro

O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de, vez em quando olhando para trás… E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto, E eu sei dar por isso muito bem… Sei […]

23 de Maio, 2012

Amanhã Fico Triste… Amanhã!

“Amanhã fico triste… amanhã! Hoje não… Hoje fico alegre! E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo: Amanhã fico triste, hoje não…” Poema escrito por um rapazinho de 8 anos, Motele,no Gueto da Varsóvia, durante a 2ª Guerra Mundial.

12 de Abril, 2012

“As Balas” – Adriano Correia de Oliveira

Dá o Outono as uvas e o vinho Dos olivais azeite nos é dado Dá a cama e a mesa o verde pinho As balas deram sangue derramado Dá a chuva o Inverno criador Às sementes dá sulcos o arado No lar a lenha em chama dá calor As balas deram sangue derramado Dá a […]

1 de Abril, 2012

“Árvore Verde” – Poema de Fernando Pessoa

Árvore verde, Meu pensamento Em ti se perde. Ver é dormir Neste momento. Que bom não ser ‘Stando acordado! Também em mim Enverdecer Em ramos dado! Tremulamente Sentir no corpo Brisa na alma! Não ser quem sente, Mas é, a calma… Eu Tive um Sonho Eu tive um sonho Que me encantava. Se a manhã […]

23 de Novembro, 2011

“A Sombra do Homem” – Poema de Teixeira de Pascoaes

Quando, num sono aéreo, tudo dorme, E a treva lembra luz adormecida… E o silêncio, quimérico e disforme, É só uma canção interrompida… Quando um pinheiro, além, na indecisão Da noite, que o perturba e lhe faz mal, Se vê, perdido em vaga confusão, Tornar-se um ermo e vago pinheiral; Quando, na sombra espessa, ó […]

23 de Setembro, 2011

“Velhas Árvores” – Poema de Olavo Bilac

Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas… O homem, a fera, e o insecto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não […]

21 de Agosto, 2011

“As Árvores e os Livros” – Poema de Jorge Sousa Braga

As árvores como os livros têm folhas e margens lisas ou recortadas, e capas (isto é copas) e capítulos de flores e letras de oiro nas lombadas. E são histórias de reis, histórias de fadas, as mais fantásticas aventuras, que se podem ler nas suas páginas, no pecíolo, no limbo, nas nervuras. As florestas são […]

14 de Julho, 2011

“Não sei o que é o tempo” de Bernardo Soares

“Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos sonhos é errada; neles roçamos […]

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