Lançar balões de papel com mecha acesa coloca em risco os animais selvagens e o ambiente

Lançar balões de papel com mecha acesa coloca em risco os animais selvagens e o ambiente

5 de Fevereiro, 2018 0

Pode parecer uma forma divertida e inofensiva de se celebrar uma festa, casamento ou a passagem de ano, mas lançar balões de papel com mecha acesa pode ter consequências graves para a vida selvagem e para o gado, causando-lhes ferimentos que podem levar à morte, como no caso da coruja-das-torres retratada na fotografia acima.

“As aves e outros animais selvagens podem ficar presos nas armações de arame ou bambu, o que lhes provoca ferimentos e pode resultar na sua morte. Os animais também podem ingerir acidentalmente as partes caídas dos balões, o que pode causar hemorragias internas, levando a uma morte lenta e dolorosa”, avisa a RSPCA, uma organização que tem lutado pela proibição do lançamento destes balões, também conhecidos como balões de São João ou balões chineses.

Os balões 100% recicláveis, feitos de bambu, também são uma ameaça, diz a RSPCA, visto que podem demorar vários anos a decompor-se e que criam, na mesma, um risco de incêndio.

As vítimas são inúmeras

Os incidentes vão-se somando ao longo dos anos: Holly, uma cabra de nove meses, morreu porque a armação de uma lanterna perfurou a sua garganta. Um potro foi eutanasiado depois de as suas patas terem ficado gravemente feridas como resultado de ter embatido contra a cerca enquanto fugia, aterrorizado, de um destes balões.

Em 2010, uma vaca morreu quando o arame de um balão lhe perfurou o esófago depois de o ter ingerido. O dono da vaca, o agricultor Huw Rowlands, contou que “ela passou umas longas e dolorosas 48 horas a sufocar”.

Infelizmente, muitas pessoas não estão conscientes das consequências potencialmente fatais que o lançamento de balões chineses pode ter para a vida selvagem e outros animais”, contou David Bowles, da RSPCA. “Acho que, se tivessem visto o tipo de ferimentos ou mortes que nós vimos, a maioria das pessoas pensaria duas vezes [antes de lançar estes balões]. Já houve gado a morrer depois de ingerir pedaços de balões chineses que caíram na sua comida.”


Bombeiros combatem as chamas numa unidade de reciclagem de plásticos em Birmingham, 2013 | Foto: West Midlands Fire Service

Quando se acende o pavio ou mecha de um balão chinês, provoca-se o aquecimento do ar que se encontra no interior do invólucro e, consequentemente a sua ascensão na atmosfera, como um balão de ar quente.

O que acontece quando um destes balões cai com o pavio ainda aceso?

Em 2013, o lançamento de um único balão com mecha acesa em Washington, resultou num incêndio florestal de 200 hectares, que precisou de 100 bombeiros para ser apagado. Ainda em 2013, desta vez no Reino Unido, os balões provocaram o incêndio de uma unidade de reciclagem de plástico – um incêndio que mobilizou mais de 200 bombeiros e que demorou três dias a ser extinto.

Os balões chineses já são ilegais no Brasil, Espanha, Argentina, Áustria e Alemanha, entre outros países. No ano passado, o lançamento de balões foi proibido em Portugal durante as Festas de São João. Dizia, a este respeito, a câmara de Gondomar: “em 2016, registaram-se sete ‘incêndios de São João’, seis florestais e um urbano. (…) As estatísticas indicam que mais de 90% dos incêndios ocorridos na noite de São João são causados pelo lançamento (e consequente queda) de balões incandescentes”.

“Estamos a pedir às pessoas que usem alternativas aos balões chineses [para celebrar eventos], como velas, luzes noturnas ou luminárias”, disse Llewelyn Lower, da RSPCA. Como homenagem à memória de um ente querido, a organização sugere o ato simbólico da plantação de uma árvore.

Não se esqueça também que largar balões de hélio não é uma alternativa, sendo igualmente prejudicial para o ambiente e para a vida selvagem.
1ª foto: Simon Pain

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