Descobertos microplásticos no peixe e marisco do supermercado

Descobertos microplásticos no peixe e marisco do supermercado

10 de Março, 2017 0

Os pequenos pedaços de plástico que poluem os oceanos, rios e lagos estão a voltar para nós dentro do peixe e marisco que compramos no supermercado, diz um estudo preparado para a Organização Marítima Internacional das Nações Unidas.

“[O plástico] infiltrou-se em todos os níveis da cadeia alimentar nos ambientes marinhos e, provavelmente, nos de água doce e por isso estamos agora a vê-lo voltar para nós dentro dos nossos pratos”, disse Chelsea Rochman, professora assistente da Universidade de Toronto e coeditora do relatório.

Estas partículas de plástico podem ir parar aos habitats marinhos de muitas formas: através da lavagem de tecidos sintéticos, da fricção dos pneus dos automóveis durante a condução, da degradação de resíduos maiores deste material ou da utilização de cosméticos com micropartículas de plástico. Os seus tamanhos variam, podendo ser ingeridas tanto por animais marinhos grandes como por organismos microscópicos.

No entanto, ao contrário do que se vê na imagem acima, os investigadores avisam que tirar as vísceras ao peixe não o livra dos pedaços de plástico ingeridos. “Estes materiais entram nos organismos marinhos, não só nos seus intestinos, mas também nos seus tecidos”, explica Peter Wells, investigador do Instituto Internacional dos Oceanos da Universidade de Dalhousie.

Embora ainda sejam desconhecidos os efeitos dos microplásticos na saúde humana, cientistas da Universidade de Ghent revelaram que, dos 11 mil pequenos fragmentos de plástico ingeridos pelos consumidores de peixe e marisco por ano, dezenas são absorvidos para a corrente sanguínea.

Já Peter Wells nota que tão preocupante como os microplásticos são os contaminantes orgânicos que eles absorvem, tais como PCB’s, pesticidas, retardadores de chama e outros compostos com efeito de disrupção hormonal.

Até recentemente, era dada mais atenção aos detritos de plástico maiores e mais visíveis. “Foi só quando os cientistas começaram a analisar amostras de água e de plâncton com mais atenção que se aperceberam que muito do plástico se estava a degradar, impercetível excepto com um microscópio”, disse o investigador ao CBC.

Todos os anos, mais de 8 milhões de toneladas de plástico vão parar aos oceanos. Estes resíduos ferem e matam peixes, aves e mamíferos marinhos. Um estudo recente descobriu que mesmo pequenas quantidades de plástico conseguem afetar habitats marinhos inteiros; outro trabalho de investigação revelou que os peixes que ingerem estas partículas são mais pequenos e lentos do que os criados em águas limpas.

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